Jair Bolsonaro não
pode ser presidente do Brasil
Pandemia lançou o país
num vácuo louco, em que nada mais faz sentido
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[RESUMO] A partir de artigo do diplomata
Samuel Pinheiro Guimarães, escritora reflete
sobre a atmosfera de pesadelo que o país vive durante a pandemia de
coronavírus, marcada por overdose de informação e
mentira, e defende que o atual mandatário não pode permanecer na Presidência.
Em artigo recente no
jornal Brasil de Fato, o professor e diplomata
Samuel Pinheiro Guimarães enumera uma série de motivos pelos quais Bolsonaro
não pode exercer o cargo de presidente do Brasil. No final deste texto, cito
alguns. E é simples assim: esse homem não pode ser presidente do Brasil.
Alguém precisa tirar esse político medíocre da
cena de governo, essa figura tóxica do palco da tragédia, antes que o país
acabe, antes que, paralisados de espanto, ninguém mais consiga agir, ninguém
mais reaja, ninguém mais pense, nem sinta, nem saiba, nem avalie.
Na atmosfera de pesadelo em que vivemos, na
overdose de informação e contrainformação, de mentira, de contradição e de
farsa, o discurso sobre a pandemia de coronavírus lançou o país num vácuo
louco, num delírio em que nada mais faz sentido.
É como se nada mais fosse verdade, é o
desmascaramento final dos sistemas todos, da saúde à educação, da política à
economia. Até os banqueiros, os mais perversos seres da exploração dos
miseráveis brasileiros, se transformaram em homens bonzinhos.
No principal telejornal da Globo, eles são
exaltados como doadores de milhões em dinheiro para os pobres e desvalidos
neste momento de emergência. A cara deles aparece no vídeo, conclamando à
união de todos contra o vírus e cuspindo cifrões que soam como grandes
quantias de generosidade. Mentira. Não somente porque a quantia é ínfima se
comparada com os bilhões que eles possuem, como também porque são eles mesmos
os produtores da desigualdade social aberrante do país.
Mas eu quero primeiro, neste artigo manco, sem
pé nem cabeça, fazer minhas as palavras de um pai indignado com a farsa da
educação. O depoimento desse pai chamado Rafael, cheio de palavrões, é de
revolta contra aulas virtuais para crianças de 5, 6 anos de idade. É exemplo
de quem se defronta com os farrapos do sistema educacional nacional. Recebi
por redes sociais, de alguém que compartilhou de um terceiro ou quarto ou
quinto infinitamente. Reproduzo aqui um trecho, excluindo (infelizmente) o
palavreado ofensivo:
“Essa p... (de aula virtual) não
funciona pra criança de cinco, seis anos. Os professores não estão preparados
didaticamente pra isso, as crianças não sabem estudar sem interação real, o
troço é chato [...], o pesadelo de qualquer pai, como eu, que odeia trabalho
de casa. Os pais são obrigados a ficar de plantão [...] assistindo [...] uma
matéria que pra gente é coisa de retardado, e depois o moleque ainda fica
triste comigo porque não deixei trazer [...] o gato pro meu escritório, único
lugar da casa onde bicho, criança e alma penada é proibido porque é o lugar
que eu ganho a b... do meu dinheiro e que agora eu tenho que dividir com
criança no horário das aulas virtuais. Desisto, não é pra mim. Que a escola
se adapte depois pra recuperar o ano letivo, porque isso não é vida,
aproveitamento zero, só serve pra deixar as crianças nervosas e me deixar
p... [...]. E se você é daqueles pais megaf..., estilo Rodrigo Hilbert, que
consegue ensinar matéria da escola enquanto caça um cervo, constrói uma
garagem, tricota um casaco e cozinha uma lasanha, f... você também, te
odeio.”
Se isso não é verdade, o que será? Foi a fala
mais verdadeira que já ouvi nestes tempos de pandemia. Quem foi que achou,
afinal, que a educação no Brasil é preparada para atender alunos de forma tão
asséptica, comportada e supostamente igualitária via telas de TV,
computadores, tablets e celulares?
Igualitária uma ova, como diria o Rafael, para
não dizer coisa pior: a maioria dos estudantes brasileiros não tem sequer
conexão de internet em casa para tanta profilaxia. O discurso da autoridade
soa como se estivéssemos numa Dinamarca, numa Finlândia, num país qualquer
daquelas bandas, onde tudo funciona, onde a desigualdade não existe.
O que é a verdade se informação e
contrainformação andam de mãos dadas nas falas, nas advertências, nas
recomendações contraditórias? Já não se sabe o que fazer nem a quem seguir
além de lavar as mãos, não tocar o rosto e usar máscara.
Uns dizem que é para ficar em casa. Outros
dizem que é para sair. Uma hora dizem que
o isolamento/distanciamento social precisa ser de 70%. Outra hora, que deve
ser de no mínimo 40% (que já estaria bom
assim), segundo estudos de renomados especialistas de universidades e
institutos de ponta.
Uma hora dizem que é preciso desinfetar
inclusive a sua própria alma (além dos saquinhos de compras, dos produtos,
das frutas e legumes etc.) quando se retorna do supermercado. Outra hora
dizem que não é preciso tudo isso, que o vírus morre em 24 horas nas
superfícies. No início da pandemia, falava-se que, em alguns tipos de
superfície, durava nove horas.
Na atmosfera de pesadelo em que vivemos, nesta
babel da mediocridade e da perversidade, transformaram até os pobres em
“essenciais”, como diz Edmilson Menezes, professor de filosofia da
Universidade Federal de Sergipe: "Os pobres, os negros, os moradores de
comunidades, os idosos, os trabalhadores (agora hipocritamente enaltecidos
como fundamentais, essenciais etc., mas que até há pouco eram invisíveis para
a sociedade)".
Se isso não é verdade, o que será? A verdade,
diz Marilena Chaui, “não pertence a ninguém, ela é o que buscamos e que está
diante de nós para ser contemplada e vista, se tivermos olhos (do espírito)
para vê-la”.
A verdade é que, como aponta Samuel
Pinheiro Guimarães em seu artigo, Jair Bolsonaro
não pode ser presidente do Brasil. Repito aqui alguns dos motivos que o
professor levanta como prova cabal disso:
1) Bolsonaro antagoniza com os governadores
dos estados, em especial os governadores do Nordeste, estimulando a
desintegração territorial do Brasil e impedindo uma ação coordenada para
promover o desenvolvimento e enfrentar crises como a pandemia do coronavírus.
2) Jair Bolsonaro se empenha em destruir a
economia brasileira com políticas de contração econômica, que privilegiam os
bancos e detentores de dívida pública, políticas que geram dezenas de milhões
de desempregados e subempregados, destroem os serviços públicos de saúde, educação,
infraestrutura, destroem as empresas, por permitir taxas de juros
escorchantes. Todas as medidas de Jair Bolsonaro/Paulo Guedes são contra os
trabalhadores e pró-empresas.
3) Jair Bolsonaro estimula a intolerância
religiosa e política, acusando seus críticos de comunistas e açulando sua
militância digital (a verdadeira e a artificial, via robôs).
4) Jair Bolsonaro estimula e promove a
violência, admira e defende a tortura e torturadores, e estimula a impunidade
de policiais, cujas vítimas preferenciais são pobres, trabalhadores e
oprimidos.
5) Jair Bolsonaro subordinou a política
externa brasileira e todo o seu governo aos interesses americanos e,
portanto, atenta diariamente contra a soberania brasileira.
Não pode exercer o cargo de presidente da
República.
Alguém precisa tirar esse homem daí, p...,
como diria o indignado Rafael. A verdade é essa.
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sábado, 18 de abril de 2020
200418 - Escritora Marilene Felinto
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