terça-feira, 23 de junho de 2020

200623 - STF - Agrotóxicos (+)

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Suspensa liberação de AGROTÓXICOS sem estudos sobre impactos à saúde e ao meio ambiente
Por unanimidade, o Plenário concedeu liminar em ações ajuizadas conta portaria do Ministério da Agricultura sobre prazos para registro dos produtos mediante aprovação tácita.









































































O Supremo Tribunal Federal (STF), por unanimidade, concedeu medida cautelar para suspender os efeitos de dispositivos da Portaria 43/2020 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) que libera o registro tácito de agrotóxicos e afins. A decisão foi tomada na sessão virtual do Plenário concluída em 15/6, no julgamento das Arguições de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPFs) 656 e 658, ajuizadas respectivamente pelo partido Rede Sustentabilidade (REDE) e pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).
O Plenário acompanhou o voto do relator, ministro Ricardo Lewandowski, no sentido de suspender a eficácia dos itens 64 a 68 da Tabela 1 do artigo 2º da Portaria 43/2020, referente aos prazos para a aprovação tácita de agrotóxicos, com dispensa da análise pelos órgãos competentes de vigilância ambiental e sanitária.
ACESSO FACILITADO
Os dispositivos questionados fixam prazo de 180 dias para a manifestação da autoridade sobre o registro de fertilizante e de 60 dias para aprovação automática. Na ausência de manifestação conclusiva da Secretaria de Defesa Agropecuária sobre a liberação, considera-se que houve aprovação tácita.
Nas ações, os partidos argumentam que a medida incentiva e facilita o acesso e o consumo desses produtos sem a realização de estudos relativos à saúde e ao meio ambiente. Segundo a Rede e o PSOL, o país tem uma legislação segura para a regulação do uso de fertilizantes e agrotóxicos (Lei 7.802/1989 e Decreto 4.074/2002), mas que o Ministério do Meio Ambiente, a pretexto de regulamentar a Lei de Liberdade Econômica (Lei 13.874/2019), relativizou a aplicação das regras, em ofensa aos preceitos constitucionais de proteção à vida, à saúde humana, à função social da propriedade, à compatibilização entre a atividade econômica e a defesa do meio ambiente, entre outros argumentos.
URGÊNCIA
O pedido de liminar começou a ser examinado em março pelo Plenário, em sessão virtual. Diante do pedido de vista do ministro Luís Roberto Barroso, o julgamento foi interrompido, mas, em razão da urgência, uma vez que a Portaria 43/2020 do Ministério da Agricultura entraria em vigor em 1º/4/2020, o relator, ministro Ricardo Lewandowski, deferiu liminar monocraticamente para suspender dispositivos da norma questionada, até a conclusão da análise da ação.
LÓGICA INVERTIDA
O ministro Lewandowski assinalou que, da Constituição Federal, é possível deduzir diversos princípios que traduzem um verdadeiro direito constitucional ambiental, dentre eles o da precaução. “Isso significa que, onde existam ameaças de riscos sérios ou irreversíveis, não será utilizada a falta de certeza científica total como razão para o adiamento de medidas eficazes, em termos de custo, para evitar a degradação ambiental”, afirmou.
No caso, porém, o ministro entende que a portaria cria uma lógica inversa: diante da possível demora na análise de registros de agrotóxicos, fertilizantes e diversos produtos químicos indiscutivelmente prejudiciais à saúde, e esgotado o curto prazo para essa averiguação, considera-se tacitamente aprovada a sua liberação para utilização indiscriminada.
“A portaria ministerial, sob a justificativa de regulamentar a atuação estatal acerca do exercício de atividade econômica relacionada a agrotóxicos no país, para imprimir diretriz governamental voltada para maior liberdade econômica, feriu direitos consagrados e densificados após séculos de reivindicações sociais com vistas a configurar a dignidade humana como valor supremo da ordem jurídica e principal fundamento da República Federativa do Brasil”, afirmou.
A partir dessas premissas, o ministro concluiu que não é aceitável que uma norma posterior (e, sendo uma portaria, de hierarquia normativa inferior) estabeleça a liberação tácita do registro de uma substância química ou agrotóxica sem examinar, com o devido rigor, os requisitos básicos de segurança para sua utilização por seres humanos. O relator destacou ainda o perigo de grave lesão à saúde pública que a liberação indiscriminada de agrotóxicos poderia causar, em momento de vulnerabilidade do sistema de saúde decorrente da Pandemia da COVID-19.
O Tribunal ainda julgará o mérito das ações em data a ser definida.

segunda-feira, 22 de junho de 2020

200622 - STF - Inquérito 4.828

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Ministro divulga íntegra de decisão no inquérito sobre manifestações antidemocráticas
Relator do Inquérito 4828, o ministro Alexandre de Moraes tornou pública decisão proferida em 27 de maio.






































Em virtude do acesso de investigados aos autos do Inquérito 4828, com base na Súmula Vinculante 19, e diante de inúmeras publicações jornalísticas de trechos incompletos do inquérito, inclusive da manifestação da Procuradoria-Geral da República e da decisão judicial proferida nos autos, o ministro Alexandre de Moraes tornou pública a decisão proferida em 27 de maio de 2020.
G1 – Entenda inquérito do STF sobre manifestações antidemocráticas. Ministro do STF Alexandre de Moraes mandou instaurar investigação após protesto contra o Supremo, o Congresso e em defesa da ditadura militar. Apoiadores de Bolsonaro foram alvos de busca e apreensão, e integrantes de grupo que fez protestos foram presos.

sábado, 20 de junho de 2020

200620 - Dossiê Queiroz

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Saiba quem é quem no caso Queiroz e quais são as suspeitas

O policial militar aposentado Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), foi preso em 18 de junho de 2020. Ele atuou no gabinete de Flávio na ALERJ (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) de 2007 a 2018. Tem ligações com a família Bolsonaro há mais de 30 anos.
Queiroz foi alvo da Operação Anjo, 1 desdobramento da Operação Furna da Onça, que cumpriu nesta semana mandados de busca e apreensão e de prisão expedidos pela Justiça do Rio de Janeiro. A operação apura esquema de ‘rachadinha’ na ALERJ. A prática se configura quando o político cede cargos em seu gabinete em troca de parte dos salários dos funcionários.
Poder360 preparou infográficos sobre os principais envolvidos na investigação. Entre eles estão a mulher e a filha de Fabrício Queiroz –que são acusadas de repassar dinheiro ao ex-assessor.








































































A família Bolsonaro e pessoas próximas ao clã também estão envolvidas. Flávio é suspeito de ser 1 dos beneficiários dos recursos da “rachadinha”. Sua mulher, Fernanda Antunes, teria recebido, em espécie, R$ 25.000 de Queiroz em 2011.
Jair Bolsonaro, por sua vez, empregou a filha do ex-assessor, Nathália Queiroz, até o fim de 2018.
O próprio chefe do Executivo e o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, já afirmaram mais de uma vez que Bolsonaro tem como advogado Frederick Wassef –dono de propriedade em Atibaia (SP) onde Queiroz foi preso. No dia em que o ex-assessor foi detido, no entanto, a advogada Karina Kufa divulgou nota afirmando que apenas seu escritório representa o presidente na Justiça e que Wassef “não presta qualquer serviço advocatício em nenhuma ação” que envolva Bolsonaro.
A mulher do presidente, Michelle Bolsonaro, recebeu cheque de R$ 24.000 de Fabrício Queiroz. Bolsonaro afirmou que se tratava do pagamento de parte de 1 empréstimo.








































































Segundo as investigações, Queiroz era o principal operador do esquema no gabinete de Flávio na Alerj. Pessoas recebiam cargos no gabinete do filho de Bolsonaro e parte de seus salários era entregue ao ex-assessor. Ele, então, fazia os repasses ao então deputado estadual Flávio Bolsonaro.
De acordo com o Ministério Público, Queiroz recebeu 483 depósitos ou transferências de 11 ex-assessores. No total, foram sacados R$ 2,9 milhões no período de abril de 2007 a dezembro de 2018.









































































Foram identificadas movimentações suspeitas em contas de pessoas ligadas a Flávio Bolsonaro. Sua mulher, Fernanda Antunes, recebeu depósito em espécie de R$ 25.000 de Queiroz em 2011. A mulher de seu pai, Michelle Bolsonaro, recebeu cheque de R$ 24.000 do ex-assessor.
Sobre os planos de saúde da família de Flávio, apenas R$ 8.965 do total de R$ 117.373 foram pagos pelo então deputado estadual e por sua mulher, segundo suspeita do MP-RJ. Os outros R$ 108.407,98 podem ter sido pagos em espécie. A escola das filhas do casal recebeu R$ 157.237 em pagamentos com origem desconhecida. Foram 53 boletos bancários.
O então deputado também teria usado uma franquia Kopenhagen de Victor Granado para lavar R$ 1,6 milhão. No total, foram movimentados R$ 96.000 em apenas 5 dias. O Coaf identificou 48 depósitos de R$ 2.000 para Flávio Bolsonaro em menos de uma semana.









































































O ex-assessor Fabrício Queiroz, que está preso desde 18 de junho, deve prestar depoimento. Policiais ligados ao caso não acreditam que ele incrimine a família Bolsonaro. Mas se as investigações atingirem sua própria família, ele poderá cogitar 1 acordo de delação premiada.
Sua mulher, Márcia Aguiar, está foragida. O senador Flávio Bolsonaro se diz “tranquilo” em relação à prisão de Queiroz. O advogado Frederick Wassef, dono da propriedade em Atibaia (SP) onde o ex-assessor foi preso, negou que tivesse escondido Queiroz e se disse vítima de uma “armação“. Ele atua na defesa de Jair e Flávio Bolsonaro. Encontrou-se com o presidente pelo menos 7 vezes em 2020.
Jair Bolsonaro disse, em live, que a prisão de Queiroz foi “espetaculosa” e que não tem conexão com o policial aposentado. Porém, ligações já reveladas com o caso podem comprometê-lo, como os depósitos realizados pelo ex-assessor à sua mulher, Michelle, e a contratação da filha de Queiroz em seu gabinete em Brasília.









































































LEIA OS DOCUMENTOS DO CASO
Poder360 lista a seguir os documentos sobre a investigação que envolve Fabrício Queiroz e a família Bolsonaro (dos mais recentes para os mais antigos):
16.jun.2020 (46 pgs., 25 MB): decisão que decretou a prisão de Queiroz. A ordem foi cumprida em 18 de junho;
5.fev.2019 (17 pgs., 5 MB): promotor Claudio Calo, que havia sido designado para conduzir o caso, decide declarar-se suspeito e declinar do caso por ter tido 1 encontro com o filho do presidente Jair Bolsonaro;
1º.fev.2019 (12 MB): ministro do STF Marco Aurélio Mello derruba  a decisão do vice-presidente da Corte, Luiz Fux, que suspendia as investigações sobre movimentações financeiras atípicas nas contas de Fabrício Queiroz.
8.jan.2019 (57 pgs., 14 MB): filha de Queiroz, Nathália, é intimada a depor. Um dos servidores do gabinete, Agostinho Moraes (subtenente da PM), presta depoimento em 11 de janeiro. O advogado de Queiroz explica vídeo em que o ex-assessor aparece dançando em hospital. Alega que Queiroz não se esquivou em prestar depoimento e diz que a imprensa distorceu os fatos. Solicita a íntegra do depoimento de Agostinho;
7.jan.2019 (55 pgs., 15 MB): documentos comprovam que Fabrício Queiroz e Natália Queiroz (sua filha) eram servidores na Alerj. No arquivo também há exames e fotos anexadas da época em que o ex-assessor estava internado no hospital Albert Einstein, depois da cirurgia de retirada de tumor;
19 e 21.dez.2018 (122 pgs., 20 MB): depoimento de Fabrício Queiroz é adiado por motivos de saúde. Os promotores decidem por prorrogar por mais 90 dias.
OUTROS LADOS
O presidente Jair Bolsonaro nega qualquer envolvimento com eventuais ilícitos de Fabrício Queiroz. Ele também afirma que emprestou R$ 40.000 a Queiroz e que o cheque de R$ 24.000 entregue a Michelle Bolsonaro seria parte do pagamento.
O senador Flávio Bolsonaro já emitiu várias notas negando ter cometido alguma irregularidade. Neste sábado (20.jun), o senador emitiu novo comunicado reafirmando “inocência em qualquer das acusações feitas por seus inimigos e garante que seu patrimônio é totalmente compatível com os seus rendimentos”.
Fabrício Queiroz também já se manifestou algumas vezes dizendo que não participou de atividades ilegais. O ex-assessor disse que fazia o “gerenciamento financeiro” de valores recebidos pelos funcionários de gabinete. Os recursos seriam usados para aumentar a rede de “colaboradores” da base eleitoral de Flávio, que não teria conhecimento da “arquitetura interna” criada por Queiroz.
Wassef nega que tenha escondido Fabrício Queiroz em sua casa em Atibaia. Sugeriu que houve uma “armação para incriminar o presidente” Jair Bolsonaro.