Saiba quem é quem no
caso Queiroz e quais são as suspeitas
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O policial militar aposentado Fabrício Queiroz,
ex-assessor de Flávio Bolsonaro
(Republicanos-RJ),
foi preso em 18
de junho de 2020. Ele atuou no gabinete de Flávio na ALERJ
(Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) de 2007 a 2018.
Tem ligações com a família Bolsonaro
há mais de 30 anos.
Queiroz foi alvo da Operação Anjo,
1 desdobramento da Operação Furna da Onça,
que cumpriu nesta semana mandados de busca e apreensão e de prisão expedidos
pela Justiça do Rio de Janeiro. A operação apura esquema de ‘rachadinha’
na ALERJ. A prática se configura quando o político cede cargos em seu
gabinete em troca de parte dos salários dos funcionários.
O Poder360 preparou
infográficos sobre os principais envolvidos na investigação. Entre eles estão
a mulher e a filha de Fabrício Queiroz –que são acusadas de repassar dinheiro
ao ex-assessor.
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A família Bolsonaro e pessoas próximas ao clã
também estão envolvidas. Flávio é suspeito de ser 1 dos beneficiários dos
recursos da “rachadinha”. Sua mulher, Fernanda Antunes, teria recebido, em
espécie, R$ 25.000 de Queiroz em 2011.
Jair Bolsonaro, por sua vez, empregou a filha
do ex-assessor, Nathália Queiroz, até o fim de 2018.
O próprio chefe do Executivo e o porta-voz da
Presidência, Otávio Rêgo Barros, já afirmaram mais de uma vez que Bolsonaro
tem como advogado Frederick Wassef –dono de propriedade em Atibaia (SP) onde Queiroz foi preso.
No dia em que o ex-assessor foi detido, no entanto, a advogada Karina Kufa
divulgou nota afirmando que apenas seu escritório representa o presidente na
Justiça e que Wassef “não presta qualquer serviço advocatício em nenhuma
ação” que envolva Bolsonaro.
A mulher do presidente, Michelle
Bolsonaro, recebeu cheque
de R$ 24.000 de Fabrício Queiroz. Bolsonaro afirmou que se tratava do
pagamento de parte de 1 empréstimo.
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Segundo as investigações, Queiroz era o
principal operador do esquema no gabinete de Flávio na Alerj. Pessoas
recebiam cargos no gabinete do filho de Bolsonaro e parte de seus salários
era entregue ao ex-assessor. Ele, então, fazia os repasses ao então deputado
estadual Flávio Bolsonaro.
De acordo com o Ministério Público, Queiroz
recebeu 483 depósitos ou transferências de 11 ex-assessores. No total, foram
sacados R$ 2,9 milhões no período de abril de 2007 a dezembro de 2018.
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Foram identificadas movimentações suspeitas em
contas de pessoas ligadas a Flávio Bolsonaro. Sua mulher, Fernanda Antunes,
recebeu depósito em espécie de R$ 25.000 de Queiroz em 2011. A mulher de seu
pai, Michelle Bolsonaro, recebeu cheque de R$ 24.000 do ex-assessor.
Sobre os planos de saúde da família de Flávio,
apenas R$ 8.965 do total de R$ 117.373 foram pagos pelo então deputado
estadual e por sua mulher, segundo suspeita do MP-RJ. Os outros R$ 108.407,98
podem ter sido pagos em espécie. A escola das filhas do casal recebeu R$
157.237 em pagamentos com origem desconhecida. Foram 53 boletos bancários.
O então deputado também teria usado uma
franquia Kopenhagen de Victor Granado para lavar R$ 1,6 milhão. No total,
foram movimentados R$ 96.000 em apenas 5 dias. O Coaf identificou 48
depósitos de R$ 2.000 para Flávio Bolsonaro em menos de uma semana.
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O ex-assessor Fabrício Queiroz, que está preso
desde 18 de junho, deve prestar depoimento. Policiais ligados ao caso não
acreditam que ele incrimine a família Bolsonaro. Mas se as investigações
atingirem sua própria família, ele poderá cogitar 1 acordo de delação
premiada.
Sua mulher, Márcia Aguiar, está foragida. O
senador Flávio Bolsonaro se diz “tranquilo” em relação à
prisão de Queiroz. O advogado Frederick Wassef, dono da propriedade em
Atibaia (SP) onde o ex-assessor foi preso, negou
que tivesse escondido Queiroz e se disse
vítima de uma “armação“. Ele atua na defesa de Jair e Flávio
Bolsonaro. Encontrou-se com o presidente pelo menos 7 vezes em 2020.
Jair Bolsonaro disse, em live, que
a prisão de Queiroz foi “espetaculosa” e que não tem conexão
com o policial aposentado. Porém, ligações já reveladas com o caso podem
comprometê-lo, como os depósitos realizados pelo ex-assessor à sua mulher,
Michelle, e a contratação da filha de Queiroz em seu gabinete em Brasília.
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LEIA OS DOCUMENTOS DO CASO
O Poder360 lista a seguir os
documentos sobre a investigação que envolve Fabrício Queiroz e a família
Bolsonaro (dos mais recentes para os mais antigos):
16.jun.2020 (46 pgs., 25
MB): decisão que decretou a prisão de Queiroz. A ordem foi cumprida em 18 de
junho;
5.fev.2019 (17 pgs., 5 MB):
promotor Claudio Calo, que havia sido designado para conduzir o caso, decide
declarar-se suspeito e declinar do caso por ter tido 1 encontro com o filho
do presidente Jair Bolsonaro;
1º.fev.2019 (12 MB):
ministro do STF Marco Aurélio Mello derruba a decisão do
vice-presidente da Corte, Luiz Fux, que suspendia as investigações sobre
movimentações financeiras atípicas nas contas de Fabrício Queiroz.
8.jan.2019 (57 pgs., 14
MB): filha de Queiroz, Nathália, é intimada a depor. Um dos servidores do
gabinete, Agostinho Moraes (subtenente da PM), presta depoimento em 11 de
janeiro. O advogado de Queiroz explica vídeo em que o ex-assessor aparece
dançando em hospital. Alega que Queiroz não se esquivou em prestar depoimento
e diz que a imprensa distorceu os fatos. Solicita a íntegra do depoimento de
Agostinho;
7.jan.2019 (55 pgs., 15
MB): documentos comprovam que Fabrício Queiroz e Natália Queiroz (sua filha)
eram servidores na Alerj. No arquivo também há exames e fotos anexadas da
época em que o ex-assessor estava internado no hospital Albert Einstein,
depois da cirurgia de retirada de tumor;
19 e 21.dez.2018 (122 pgs., 20
MB): depoimento de Fabrício Queiroz é adiado por motivos de saúde. Os
promotores decidem por prorrogar por mais 90 dias.
OUTROS LADOS
O presidente Jair Bolsonaro nega qualquer
envolvimento com eventuais ilícitos de Fabrício Queiroz. Ele também afirma que
emprestou R$ 40.000 a Queiroz e que o cheque de R$ 24.000 entregue a Michelle
Bolsonaro seria parte do pagamento.
O senador Flávio Bolsonaro já emitiu várias
notas negando ter cometido alguma irregularidade. Neste sábado (20.jun), o
senador emitiu novo
comunicado reafirmando “inocência em qualquer das acusações feitas
por seus inimigos e garante que seu patrimônio é totalmente compatível com os
seus rendimentos”.
Fabrício Queiroz também já se manifestou
algumas vezes dizendo que não
participou de atividades ilegais. O ex-assessor
disse que fazia o “gerenciamento financeiro” de valores recebidos
pelos funcionários de gabinete. Os recursos seriam usados para aumentar a
rede de “colaboradores” da base eleitoral de Flávio, que não teria
conhecimento da “arquitetura interna” criada por Queiroz.
Wassef nega que tenha escondido Fabrício
Queiroz em sua casa em Atibaia. Sugeriu que houve uma “armação para
incriminar o presidente” Jair Bolsonaro.
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