ORA-PRO-NÓBIS. Classificação Científica: Reino:
Plantae. Divisão: Magnoliophyta. Classe: Magnoliopsida. Ordem: Caryophyllales. Família: Cactaceae. Género: Pereskia. Espécie: P. aculeata. Nome Binomial: Pereskia aculeata |
Pereskia
aculeata, o
conhecido ora-pro-nobis,
é uma espécie de Cactaceae
originária da América Tropical, com distribuição contínua do México
até a América do Sul, muito conhecida por ser um cacto com folhas, pela
sua floração exuberante e por ser uma PANC, com quase todas suas partes
comestíveis. No Brasil, ocorre nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul,
principalmente em ecossistemas associados à Mata Atlântica
(restinga, mata de brejo, mata de planalto e agreste) e em formações
rochosas de gnaisse. |
O ora-pro-nobis é,
essencialmente, uma PANC, sendo até mesmo
chamada de "a rainha das PANC", sendo disseminada, sobretudo, em
cozinhas vegetarianas, por ser considerada uma carne vegetal. Seu alto teor nutritivo e cerca de 25% de proteína
fazem-na ser conhecida também como "carne dos pobres".
Possui alta concentração de fósforo, ferro, potássio,
cálcio, magnésio, enxofre, cobre, zinco, boro e manganês, além de fibras. As folhas e os brotos
jovens, que não contém espinhos, podem ser consumidos secos e moídos, para enriquecer massas e pães; ou ainda
crus, cozidos ou refogados, servindo de
recheio para sanduíches ou tortas, e como acompanhamento. As flores
jovens podem ser saboreadas em saladas,
omeletes ou salteadas puras ou com carne. Seus frutos alaranjados
possuem alta
proporção de vitamina C, com sabor ácido, sendo utilizados no preparo
de sucos, geleias, mousses e licores. |
Na medicina
tradicional, o ora-pro-nobis é
indicado na prevenção e
tratamento da anemia, pela alta proporção de ferro de suas folhas quando
consumidas em preparações culinárias. É também recomendado para aliviar
processos inflamatórios, no tratamento de queimaduras e sífilis, e como
expectorante, apresentando ainda propriedades analgésicas, anticonceptivas e
antitumorais. |
Por sua estrutura escandente e
espinescente, o ora-pro-nobis é
utilizado como cerca-viva e como quebra-vento, sendo muito eficiente na inibição de invasores. Pela facilidade
de dispersão das sementes, por conta de
seu rápido crescimento e grande capacidade regenerativa, rebrotando a partir
de pedaços do caule ou até mesmo de folhas, é também uma planta invasora
muito agressiva. Há relatos da dificuldade de erradicá-la em países
onde foi introduzida, principalmente no continente africano, tornando-se
uma ameaça para a vegetação nativa. |
O nome do gênero, Pereskia,
é uma homenagem de Charles Plumier ao francês Nicolas-Claude Fabri de
Peiresc (1580-1637), advogado, astrônomo, botânico e conselheiro do
parlamento da localidade de Aix-en-Provence, na França. O nome deveria ser
Peireskia mas, por ter sido publicado inicialmente
como Pereskia, o Código Internacional de
Nomenclatura Botânica não permitiu alteração e o nome continua até hoje. Seu epíteto específico, aculeata,
é proveniente do latim aculêus, que significa aguilhão,
ferrão ou ponta, em referência aos seus espinhos. |
O nome popular, ora-pro-nobis, é uma
expressão proveniente do latim e significa
"rogai por nós". No folclore popular, a origem do nome, que
é bastante curiosa, se deu em Minas Gerais, na época do Brasil Colonial, quando, nas igrejas antigas dos
pequenos povoados, era muito comum a utilização da Pereskia
Aculeata como cerca-viva. Apesar das folhas e frutos serem
comestíveis e muito apreciados, contam que os padres não permitiam que fossem
coletados, então "ficavam de olho" nos fiéis. O jeito era esperar o
padre se distrair durante a missa para poder coletar a planta sem ser visto
e, é claro, sem ouvir sermão... Os fiéis ficavam com um olho no padre e outro
na missa3, esperando a hora da distração, que era justamente no final, quando
o padre rezava um longo canto litúrgico, clamando "rogai por nós".
Como as missas eram em latim, a hora do "ora-pro-nobis" era "a
deixa" para os fiéis quebrarem o sétimo mandamento e saírem da missa com
o almoço... O castigo vinha rápido, mas espetar as mãos
valia a pena... |
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