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'EU COMERIA UM ÍNDIO': rivais aproveitam canibalismo de Bolsonaro desenterrado Em vídeo agora viral
de uma entrevista de 2016, o presidente brasileiro afirma que comeria carne
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Tom Phillips in Rio de
Janeiro – Domingo, 9 Out 2022 – 15:58 |
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Foi uma declaração
chocante, mesmo para um político que glorificou torturadores
e pediu que rivais fossem baleados. "Eu comeria um índio, sem problema
algum", se gabou de Jair Bolsonaro a um jornalista estrangeiro em 2016, ao
descrever uma viagem a uma
comunidade indígena onde supostamente lhe ofereceram a chance de
consumir carne humana. Líderes indígenas
rejeitaram a ostentação de Bolsonaro como mais
uma mentira do
presidente de extrema-direita do Brasil. O povo yanomami
do território que Bolsonaro afirma ter
visitado dizem que nunca se envolveram em tais atos. No entanto, imagens dos
comentários de canibalismo de Bolsonaro – transmitidos pela
primeira vez em
seu canal oficial no YouTube
há seis anos – viralizaram nas redes sociais e foram apreendidas pela
oposição brasileira como mais uma prova da depravação do presidente. "Bolsonaro revelou que comeria carne
humana", declarou na sexta-feira um
anúncio de televisão produzido pelo rival de
esquerda de Bolsonaro, Luiz Inácio Lula da Silva,
após a divulgação das declarações. Lula
quase venceu Bolsonaro no primeiro turno da eleição presidencial brasileira
no último domingo e espera terminar o cargo quando 156 milhões de brasileiros votarem em um
confronto em segundo turno entre os dois homens em 30 de outubro. Em seus esforços para
reeleger Lula, presidente do Brasil de 2003 a
2010, sua campanha se aprofundou no extenso catálogo de pronunciamentos
insensos e inflamatórios de Bolsonaro. Um anúncio recente de Lula
mostra Bolsonaro empurrando uma política feminina e
chamando-a de "puta". Em outra cena, o direitista zomba das vítimas
de Covid e finge estar ofegante
por ar. Mas o anúncio de campanha
de sexta-feira foi talvez o mais chocante até agora. O ministro das
Comunicações de Bolsonaro, Fábio Faria, chamou o anúncio de Lula de "fake news" e
afirmou que os comentários foram distorcidos. Os advogados de Bolsonaro
exigiram que as autoridades eleitorais proibissem o anúncio. Uma análise da entrevista completa
de 76 minutos com o jornalista do New York Times Simon Romero deixa poucas
dúvidas sobre a natureza das observações de Bolsonaro. Depois de descrever a
miséria que testemunhou durante uma visita ao Haiti,
Bolsonaro deixa de discutir mulheres haitianas
"anti-higiênicas" oferecendo sexo a
fazer afirmações sobre canibalismo supostamente sendo perpetrado no
território yanomami da Amazônia. "Houve uma vez que eu estava em Surucuru... e um índio tinha
morrido e eles estavam cozinhando-o. Eles cozinham índios. É a cultura
deles", afirma Bolsonaro sobre a aparente confusão do correspondente. "Seus corpos?", responde o
jornalista. "Seus corpos", confirma Bolsonaro. "Mas não para comer?", pergunta o
jornalista. "Sim, para comer", responde
Bolsonaro, então um deputado obscuro. "Eles cozinham por dois ou três
dias e depois comem com banana. Eu queria ver um índio sendo cozido mas o
cara disse que se você for, você tem que
comê-lo. "Eu vou comê-lo", eu disse. Mas ninguém mais no meu
grupo queria ir... então eu não fui. Mas eu comeria um índio, sem problema
algum. É a cultura deles." Líderes e antropólogos yanomami denunciaram as
alegações "delirantes" e
preconceituosas de Bolsonaro. "Meu povo não é canibal... Isso não
existe nem nunca existiu, nem mesmo entre nossos antepassados", disse o ativista yanomami Júnior Yanomami ao jornal
Folha de São Paulo. "Bolsonaro é um
mentiroso compulsivo", tuitou Sônia
Guajajara,
líder indígena que acaba de ser eleita para o Congresso. Lula negou ter espalhado desinformação.
"Eu vi a filmagem... Não é invenção, estamos simplesmente deixando as
pessoas saberem como é nosso adversário", disse ele aos apoiadores,
alegando que os estrangeiros estavam evitando o Brasil "por medo do
canibal". No sábado, uma decisão liminar de
um juiz eleitoral ordenou ao Partido dos Trabalhadores (PT) de Lula retirar
um anúncio que arriscasse prejudicar a reputação de Bolsonaro e afetar
"a integridade do processo eleitoral".
O juiz argumentou que as observações de Bolsonaro "referiam-se a
uma experiência específica em uma comunidade indígena, vivida de acordo com
os valores e a moralidade existentes nesta sociedade". A decisão parecia fechar
a porta do estábulo depois que o cavalo tinha fugido. No domingo, as redes
sociais foram inundadas com menções de "Bolsonaro Canibal" e memes
comparando o presidente a Hannibal Lecter
e ao serial killer Jeffrey Dahmer. As imagens da
declaração de Bolsonaro foram vistas milhões de vezes. |
sábado, 8 de outubro de 2022
09 + "Eu comeria um índio"
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