Subprocuradores do MPF
apontam que Bolsonaro 'desautorizou' medidas contra Covid-19 e pedem que Aras
reprove atitude
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Coordenadores propõem ao procurador-geral da República, Augusto
Aras, envio de recomendação ao presidente para que ele respeite normas da OMS
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BRASÍLIA - Subprocuradores que representam os
órgãos de coordenação da cúpula do Ministério Público Federal (MPF)
apontaram que o presidente Jair Bolsonaro "desautorizou"
as medidas de combate ao coronavírus, com risco de "desarticular os
esforços" para conter o crescimento do contágio, e citaram que ele pode
ter incorrido em "desvio de finalidade" em seu pronunciamento em
rede nacional de rádio e televisão na
terça-feira.
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As críticas constam em uma proposta enviada ao
procurador-geral da República Augusto Aras para que seja emitida
uma recomendação a Bolsonaro censurando sua conduta no combate ao coronavírus
e exigindo respeito às orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Caberá a Aras decidir se confeccionará o
documento e o enviará a Bolsonaro. Até agora, o procurador-geral da República
não se posicionou em relação ao pronunciamento de Bolsonaro na noite de
terça-feira. Durante o discurso, o presidente pediu
à população para sair das medidas de isolamento e quarentena em
prol da recuperação da economia. O pronunciamento foi alvo de duras críticas de
líderes políticos ontem e hoje.
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A proposta enviada a Aras é assinada por
coordenadores da 2ª Câmara (Criminal); 4ª Câmara (Ambiental); 6ª Câmara
(Populações Indígenas); 7ª Câmara (Controle Externo da Atividade Policial) e
da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão. Todos são subprocuradores
(último estágio da carreira), mas o envio de uma recomendação ao presidente
só pode ser feito por Aras.
Procurado, o procurador-geral afirmou que recebeu
o documento às 18h desta quarta-feira e ainda está analisando o material.
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DESVIO DE FINALIDADE
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O ofício registra o posicionamento de
subprocuradores da cúpula do MPF em relação ao pronunciamento, com duras
críticas a Bolsonaro.
"Na direção contrária das
orientações de caráter sanitário, de âmbito interno e internacional, o sr.
Presidente da República Federativa do Brasil, em pronunciamento veiculado na
noite do dia 24.3.2020, em cadeia nacional, refutou a necessidade de
isolamento social em face da pandemia, criticando o fechamento de escolas e
do comércio, minimizando as consequências da enfermidade e, com isso, transmitindo
à população brasileira sinais de desautorização das medidas sanitárias em
curso, adotadas e estimuladas pelo próprio Poder Público Federal, com forte
potencial de desarticular os esforços que vêm sendo empreendidos no sentido
de conter a curva de contaminação comunitária", diz trecho do
documento.
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Os subprocuradores apontam ainda que "o
serviço de cadeia nacional obrigatória de rádio e televisão deve proporcionar
correto esclarecimento da população em geral acerca de situações de emergência
e de gravidade, trazendo orientações e informações precisas, bem como
segurança social, sob pena de configurar, até mesmo, desvio de
finalidade".
No final do ofício, eles propõem a Aras que
emita uma recomendação para que Bolsonaro respeite as normas de combate ao
coronavírus tanto nas ações de governo como nos seus pronunciamentos.
"As Câmaras de Coordenação e
Revisão do Ministério Público Federal e a Procuradoria Federal dos Direitos
do Cidadão, por seus representantes abaixo assinados, vêm apresentar a Vossa
Excelência proposta de recomendação ao governo federal, na pessoa do sr.
Presidente da República Jair Bolsonaro, no sentido de que a implementação e a
execução de ações de saúde, como também, a veiculação de pronunciamentos e
informações correlatas, por toda e qualquer autoridade do Poder Executivo
Federal, seja realizada de forma coerente e em sintonia com as orientações
emanadas das autoridades sanitárias nacionais e da Organização Mundial de
Saúde, bem como em consonância com o Plano Nacional de Contingência Nacional
para Infecção Humana pelo novo Coronavírus COVID-19, do Ministério da Saúde,
devidamente compatíveis com o estado de Emergência de Saúde Pública de
Importância Internacional – ESPII, declarado pela OMS", afirmam.
Assinam o ofício os subprocuradores Luiza
Frischeisen, Domingos Sávio, Nívio de Freitas, Antonio Carlos Bigonha e
Deborah Duprat.
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quarta-feira, 25 de março de 2020
200325 - Subprocuradores do MPF
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